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10 de novembro de 2010

A Igreja está cada vez mais feminina

Para a pastora Claudete Brito, pastora da Igreja Maranata, no Rio de Janeiro, o papel da mulher evangélica mudou, mas muitas vivem frustradas dentro de casa.

Os dias da pastora Claudete Brito têm 24 horas, como o de qualquer mortal, mas geralmente seu tempo é curto para dar conta de tantas atividades. Presidente da Igreja Missionária Evangélica Maranata, uma denominação com cerca de 6 mil membros e 10 congregações espalhadas pela Região Metropolitana do Rio de Janeiro, ela, todo dia, tem alguma questão administrativa para resolver. Algumas tardes da semana são dedicadas ao aconselhamento pastoral, preparação de pregações e aulas de Escola Dominical, da qual é superintendente. Noutras ocasiões, ela vai para diante das câmeras gravar os programas semanais da igreja na TV. A prancheta também demanda tempo e atenção – arquiteta especializada em acústica, Claudete é responsável por construção de templos e implantação de projetos de sonorização em igrejas. Isso quando ela não está dentro de algum avião ao lado do marido, o também pastor Paulo Cesar Brito. É que os dois são muito requisitados por igrejas evangélicas de todo o país para palestras sobre temas como relacionamento conjugal e família.
E por falar em família, é preciso ainda encontrar tempo para o marido, os três filhos e a neta Aline, de dois anos. “Ufa! Às vezes, não é fácil”, brinca a pastora, de 51 anos de idade. Ela converteu-se ao Evangelho ainda jovem, através da família de seu então namorado Paulo Cesar. “Foi um genuíno encontro de amor com a pessoa de Jesus. Já se passaram 33 anos e continuo apaixonada pelo Senhor”, diz. Durante este tempo, a Igreja Evangélica passou por profundas mudanças. Uma delas, e talvez a mais radical, foi a ascensão do ministério feminino. Antes relegada a papéis secundários – como cuidar das crianças ou do serviço social das igrejas –, a mulher evangélica conquistou espaço e chegou ao púlpito. Caso dela mesma, que foi ordenada ao ministério este ano. “Para mim, o cargo só veio dar mais legitimidade ao que eu já fazia”, comenta, “mas entendo que o pastorado feminino foi um grande avanço”.
Para a pastora Claudete, o fato de haver mulheres pastoras vem ao encontro de uma realidade que salta aos olhos: a de que a Igreja está cada vez mais feminina. Tanto, que a média de mulheres chega a 70% da população evangélica brasileira.
“As mulheres, via de regra, têm menos apego ao poder que os homens. Além disso, é próprio da alma feminina aquela coisa de socorrer, auxiliar”, continua. “Uma mulher entende melhor os problemas familiares e conjugais que cada vez mais crentes têm enfrentado”, destaca.
É justamente nessa área de sexualidade que Claudete observa um permanente foco de tensão nas famílias: “A gente não tem idéia dos dramas que acontecem por aí”. Ela conta que, nas suas palestras, recebe bilhetes anônimos de mulheres que se queixam dos maridos, e vice-versa. Alguns casos são absurdos – “Uma irmã disse que o marido, crente também, atirava objetos nela”, conta. Na maioria das vezes, as reclamações giram em torno da falta de romantismo por parte dos homens e da frieza sexual das mulheres. “Sexo ainda é tabu entre os evangélicos”, sentencia a pastora, que escreveu, junto com o marido, o livro Sexo – Os limites do prazer (Editora Vicom). “Contudo, já se nota, e com muita força, um movimento de gente que busca ajuda nessa área”.
Nesta entrevista a ECLÉSIA, Claudete Brito fala sobre a sexualidade do crente, o papel feminino na Igreja e muito mais. Confira:

A senhora tem percorrido igrejas de todo o Brasil fazendo palestras sobre família e relacionamento conjugal. Quais são as maiores dificuldades que as pessoas lhe relatam?
A gente observa que as pessoas ainda sentem muita dificuldade para se expor. Há bloqueios tremendos, sobretudo na questão da sexualidade. Há assuntos que ainda são tratados como tabus. Muitas vezes, recebemos bilhetinhos anônimos no fim das palestras – é gente se queixando do marido, da esposa.

Que tipo de queixa?
Os homens reclamam muito da passividade sexual das mulheres. Numa de nossas palestras, um homem disse que, por vezes, sentia-se um necrófilo... E as mulheres, por sua vez, se queixam de que os maridos não as cortejam, não são românticos. Isso cria um moto-contínuo – a mulher justifica sua frigidez porque o marido a trata com frieza, não a estimula com carinho e não é romântico; e o marido diz que, como a mulher nunca o procura, ele fica desinteressado de ser romântico. Isso quando não há violência. Certa vez, uma irmã disse que o marido, crente também, atirava até objetos nela. Há dramas enormes, coisas de que não fazemos a menor idéia.

Por que essas coisas acontecem dentro de lares evangélicos?
Bem, eu não sou psicóloga e nem terapeuta de casais. Portanto, falo apenas dentro do que observo na minha experiência pastoral e nas ocasiões em que sou solicitada para aconselhamentos. Mas, por incrível que pareça, os problemas de relacionamento entre casais evangélicos são exatamente iguais aos que se verificam fora do segmento, ou seja, entre pessoas não-crentes. A gente percebe que a problemática sexual do casal evangélico é semelhante à dos outros casais. Os problemas são parecidos – mulheres que se sentem meros objetos sexuais, homens frustrados pela indiferença das esposas. Além disso, homens e mulheres têm aspirações diferentes em todas as áreas, inclusive – e de maneira muito clara – na sexualidade.

A senhora acha que falta informação sexual nas igrejas?
Ainda falta bastante, mas hoje se vê muito mais abertura do que há algum tempo atrás. Há coisa de apenas uns 20 anos, nem se pensava em fazer palestras sobre sexo dentro das igrejas. As mulheres sofriam caladas, apesar de enfrentarem tremendos problemas matrimonias. Os homens, então, jamais procuravam ajuda. Além disso, perdurava uma visão distorcida de que sexo é algo errado, que a mulher não podia sentir prazer sexual – deveriam satisfazer-se apenas com o papel de esposas e mães. Isso tem mudado. Hoje, o que se vê em boa parte das igrejas são pessoas preocupadas em usufruir de uma vida conjugal satisfatória. Os crentes estão buscando mais ajuda nessa área.

O que desencadeou tal mudança de mentalidade?
Penso que a própria liberação da sociedade em geral acabou respingando na Igreja. Repare que, mesmo fora das igrejas, esses assuntos não eram discutidos de maneira aberta. Hoje, não. Muita gente busca informação, participa de grupos de apoio, faz terapia. Por outro lado, os evangélicos descobriram a necessidade de se abordar o tema sexo à luz da Bíblia. E a Palavra de Deus não esconde a sexualidade do homem. Pelo contrário – ela a trata.

O que a Bíblia diz sobre o sexo?
As Escrituras mostram que o sexo entre homem e mulher é uma dádiva, um dom de Deus, para o prazer de seus filhos. Ao longo da Bíblia, vemos que o casal deve desfrutar a experiência da sexualidade. Podemos observar o romantismo do relacionamento conjugal dos patriarcas bíblicos – entre Abraão e sua mulher Sara; entre Isaque e Rebeca e entre Jacó e Raquel. O livro de Eclesiastes é explícito: “Desfruta da vida com a mulher da tua mocidade”. O apóstolo Paulo também foi claro em destacar a importância do relacionamento conjugal em vários trechos de suas epístolas. O livro de Cantares de Salomão, que muita gente às vezes espiritualiza demais, é um manual prático de romance e sexualidade. Ali, se fala do deslumbramento do encontro entre um homem e uma mulher, inclusive com ensinamentos sobre toques íntimos, carícias. Aliás, e os teólogos que me perdoem, acho que o livro de Cantares tem conotação sexual demais para ser apenas um modelo do amor de Cristo por sua Igreja. A Bíblia celebra a união sexual sem culpa e sem pecado, de maneira lindíssima. É claro que estamos falando do sexo dentro do contexto do casamento, que é o padrão bíblico que o torna digno e respeitável.

Se a Bíblia é tão clara, por que os evangélicos são tão reprimidos?
Mas não é só o crente que age assim. Os tabus, os medos, os preconceitos sexuais atingem todas as pessoas de modo geral. No caso dos evangélicos, isso muitas vezes acontece por conta de interpretações equivocadas da própria Bíblia. Além disso, há líderes que, até mesmo por enfrentarem problemas nessa área, transmitem a suas ovelhas que o sexo é sujo, que deve ser evitado. Há, sobretudo, muito individualismo nas relações conjugais. Mas a vida em Cristo nos motiva a deixar o egoísmo de fora do nosso casamento. O Senhor nos chama a amar o nosso parceiro, apesar das diferenças. A motivação do cristianismo é o ponto mais forte para levar o casal ao entrosamento.

Há alguma prática sexual condenada pela Bíblia?
Não só a Bíblia, como toda a experiência cristã, aponta para o exercício da sexualidade dentro do casamento, da união estável entre homem e mulher. Entendo que o sexo descompromissado, da busca do prazer pelo prazer, não é compatível com a vida cristã, assim como a alternância de parceiros. O livro de Levítico e a Epístola aos Romanos são bem explícitos também com respeito à sexualidade anal. O texto de Romanos não critica apenas essa prática dentro do homossexualismo, mas também entre homem e mulher. Quando o apóstolo condena os homens que trocaram o contato natural com a mulher por um modo contrário à natureza, está se referindo ao intercurso sexual anal. Isso está muito bem definido. Quanto às outras práticas e variações sexuais, a Bíblia não é explícita. Logo, podemos entender que compete aos casais definir suas preferências, desde que não transgridam os limites bíblicos.

Na sua opinião, por que os chamados pecados sexuais, como o adultério, são tratados de maneira bem mais dura, nas igrejas, do que erros em outras áreas?
O que nós, cristãos, devemos ter, é a visão correta – nem tanto ao mar, nem tanto à terra. Os pecados sexuais chamam tanta atenção porque o sexo é um assunto que mexe com as pessoas. Mas o crente que adultera não é pior, aos olhos de Deus, do que o crente que mente para se dar bem, ou o crente que abre mão de princípios para obter uma promoção no trabalho ou uma vantagem pessoal. É que, em alguns círculos evangélicos, a sexualidade é tão reprimida que, quando surge algum problema, é um verdadeiro escândalo.

A senhora é favorável ao divórcio entre evangélicos?
Eu acho que a melhor solução é sempre tentar reconciliar. Mas reconheço que há algumas situações sem retorno. Há casos em que a pessoa divorciada constitui outra família, tem filhos com o novo companheiro – então, parece-me legítimo que a pessoa que foi abandonada tenha uma chance de reconstruir sua vida. Este é o entendimento de muitas igrejas hoje, inclusive a nossa.

Mas o próprio Cristo só falou em novo casamento no caso de relações sexuais ilícitas. Assim, muitos entendem que apenas a parte traída, em caso de adultério, poderia casar-se novamente. No entanto, muitos casamentos terminam por outros motivos – incompatibilidades pessoais ou simplesmente quando um se “cansa” do outro. Ainda assim, o divórcio seria aceitável, biblicamente falando?
Mas veja: essa pessoa que abandonou o outro, por qual motivo tenha sido, deixou o ex-companheiro numa situação vulnerável. Vamos ser práticos: você vê uma moça ou um rapaz que é abandonado pelo cônjuge ainda na juventude, com seus vinte e poucos anos. Seria justo que essa pessoa que não pecou, que talvez tenha tentado de tudo para salvar a relação, carregue a solidão para o resto da vida? Eu não creio que Deus aprove este tipo de castigo. A pessoa seria castigada duplamente – por ter sido vítima de uma infidelidade e pela impossibilidade de recomeçar sua vida.A gente tem de analisar caso a caso. Aí deve entrar o bom senso, pautado pelo amor cristão. É preciso levar em conta muitos aspectos, como a conduta da pessoa antes e depois da separação. Cada caso é diferente.

Uma pesquisa do Instituto Lar Cristão com mais de 5 mil jovens crentes, publicada por ECLÉSIA, aferiu que 52% deles transam antes do casamento, apesar de toda a condenação evangélica ao sexo pré-conjugal. Por que isso acontece?
O jovem crente sofre muita pressão da sociedade fora da igreja. Ele convive em todos os tipos de ambiente, na escola, no lazer, no trabalho. Se a menina, e principalmente o rapaz, disser que é virgem, vai sofrer muita cobrança. Será até ridicularizado. Tudo é estímulo à sexualidade. A gente vê, também, que a idade em que o jovem está pronto, sexualmente falando, não é aquela em que tem condições sociais e econômicas para o casamento. Isso empurra o jovem para o sexo pré-conjugal.

Não fica difícil dizer ao jovem de hoje que ele deve se casar virgem?
Não estou dizendo que é fácil. Mas não é impossível, como muita gente sugere. Tenho visto diversos jovens que têm vencido nesta área. Inclusive, muitos rapazes e moças que, antes da conversão, tinham vida sexual ativa e que, ao se encontrarem com Cristo, querem viver dentro do padrão evangélico e abrem mão de praticar sexo fora do casamento. Convém lembrar que este padrão também é ensinado pela Igreja Católica Romana. Acho que o jovem mais ligado na igreja e principalmente com o Senhor é capaz de resistir. E o ser humano, afinal de contas, tem capacidade para tomar decisões e adotar posturas que vão contra seus instintos. Se não fosse assim, não seríamos Homo sapiens, e sim, animais. Imagine a situação do homem cristão, casado, que precisa ficar longos períodos longe da mulher por motivo de trabalho. Então, ele não consegue sobreviver sem sexo? Claro que sim, se quiser. Acima de tudo, temos de ter Cristo orientando nossa vida.

A masturbação é uma forma aceitável de se aliviar a sexualidade?
Eu acho que não, porque ela estimula uma sexualidade que não vai poder se completar e só gera mais ansiedade. Acho que, enquanto não se puder exercer uma sexualidade plena, dentro do casamento, deve-se sublimar isso. Repito que sei que não é fácil, mas é também um ato de vontade. E de desejo de agradar a Deus.

Há pais evangélicos, e até pastores, que dizem que, se o sexo vai acabar rolando mesmo, é melhor que seja praticado de maneira segura – alguns dão preservativos e até estimulam que os filhos tenham seus encontros sexuais dentro da casa. Como, de maneira pastoral, responder a isso?
Nós não devemos descer o nosso nível para o nível da sociedade. A Igreja, durante toda sua história, sempre foi pressionada a descer seu padrão. Não devemos permitir que dentro de nossa casa o padrão seja outro que não o bíblico. Se incentivarmos o jovem a fazer sexo de maneira descompromissada, facilitando as coisas para ele agir assim, vamos abrir a porta para que ele, lá na frente, tenha até mesmo um comportamento promíscuo. Agora, não devemos evitar esses assuntos com nossos filhos. Quem dá educação sexual são os pais, e essa educação está muito ligada à visão espiritual que se tem da vida. Na escola, dirão ao rapaz que homossexualismo é apenas mais uma forma de se expressar amor – mas é preciso que a gente lhe diga que a Palavra de Deus condena tal prática. Claro, é preciso falar também de métodos contraceptivos, da responsabilidade que cada um deve ter em relação ao próprio corpo. Mas acho que é possível criar filhos dentro da realidade do mundo sem descer nosso padrão. Tenho essa experiência dentro da minha casa. O meu filho, hoje com 24 anos e solteiro, ao se encontrar com Cristo, mudou totalmente sua conduta em relação ao sexo.

É cada vez mais comum a aceitação, por parte do segmento evangélico, do ministério feminino. A seu ver, quais são as vantagens e as desvantagens, no exercício pastoral, que a mulher tem em relação ao homem?
Bem, já se disse que uma mulher, quando se destaca, sofre duas vezes – a desconfiança dos homens e o despeito das outras mulheres. Porém, acho que, no contexto evangélico, o que conta mais é a confiança que aquela pessoa que está ministrando desperta nas suas ovelhas, e isso passa pelo tipo de testemunho que você dá em sua vida diária. Eu mesma não encontrei problemas de aceitação pelo fato de ser mulher e pastora. Agora, a grande vantagem que tenho experimentado é que as mulheres se sentem muito mais à vontade em procurar outra mulher – no caso, a pastora – para aconselhamento. Eu sempre achei muito desconfortável que as mulheres tivessem de procurar pastores para tratar de seus problemas íntimos com o marido. Antes, quando não havia pastoras, muitas dessas mulheres acabavam buscando orientação com outras irmãs. No meu caso, antes mesmo de me tornar pastora, eu aconselhava muitas mulheres da igreja.

E o que mudou depois de sua ordenação?
Depois da ordenação, passei a ser ainda mais procurada por mulheres que desejam abrir o coração sobre suas dificuldades. Acho que o cargo pastoral acaba legitimando isso. Muitas pessoas, afinal, sentem-se melhor compartilhando essas coisas com alguém que vêem como líder espiritual.

A senhora é casada com um pastor. Mas, no caso de pastoras cujos maridos não estão no ministério, não se configuraria uma quebra de hierarquia no lar, já que o homem, na Bíblia, é apontado como cabeça da família?
Penso que não. Muitas pessoas acham que, nesse caso, é a mulher que vai mandar em casa. Mas a liderança espiritual é um outro tipo de autoridade. Se fosse assim, mulheres também não poderiam ser juízas, a menos que o marido também fosse magistrado. Mais do que nunca, hoje está havendo uma visão diferente da hierarquia no lar. Biblicamente, o homem é o cabeça, e isso nunca vai mudar, mesmo no caso dos maridos de pastoras. O Evangelho nos leva a uma convivência de amor – por exemplo, eu não tenho nenhuma dificuldade em ser submissa ao meu marido. Em casa, buscamos os mesmos interesses. É uma submissão inteligente, não? Algumas vezes, isso significa sacrificar algum ponto de vista particular, evidentemente – mas a verdadeira submissão cristã é sempre em amor, assim como a Igreja é submissa a Jesus. E olha, em nenhum momento esta ascensão feminina nas igrejas cheira àquele feminismo dos anos 1960 e 70. A projeção da mulher na Igreja não é anti-homem. Pelo contrário – queremos ser melhores esposas, melhores companheiras, melhores colaboradoras, inclusive, com os homens que estão na liderança.

Logo, o advento do ministério feminino mudou a Igreja para melhor?
Com toda certeza. A mulher sabe lidar melhor com o poder, inclusive o eclesiástico. Há menos disputa por poder entre as pastoras do que entre os pastores, o que também se observa em outras áreas, como nos ambientes de trabalho. A mulher tem o coração mais voltado para o auxílio, a assistência, o socorro ao próximo – além disso, em todas as nossas igrejas, as mulheres são maioria. O fato de haver mulheres liderando é um estímulo para que toda crente busque envolver-se mais com a obra de Deus e com seu Reino. A mulher sempre foi o motor da Igreja. Então, acho que incluí-la no ministério foi um grande avanço.

Ainda persiste, entre os evangélicos, o preconceito contra as mulheres que não se casaram?
Olha, tem tanta mulher sozinha nas igrejas, que essa cobrança já nem existe mais. O interessante é que, no início da Igreja, no primeiro século, quando as mulheres queriam ser missionárias e pregar o Evangelho, refugiavam-se em mosteiros para não ter de casar. Os primeiros monastérios femininos surgiram porque muitas cristãs abriam mão de constituir família para se dedicar inteiramente a Jesus. Claro, a jovem evangélica ainda é muito cobrada para se casar – mas acho que esse tipo de atitude está diminuindo em face da nova realidade da Igreja. E a Igreja do século 21 está cada vez mais feminina.

Que resposta a Igreja Evangélica tem dado à nova realidade social brasileira, em que cada vez mais mulheres chefiam famílias, o que foge ao contexto tradicional – e cristão – de estrutura familiar?
Uma das coisas que mais me impressionam é a garra das mulheres que chegam ao Evangelho sozinhas. Na nossa igreja, temos recebido muitas irmãs que vêm abandonadas pelos maridos, ou mães solteiras, com filhos para criar e sem condições de sustento – algumas sequer têm uma profissão. Mas a força da fé e do companheirismo que elas encontram ali lhes dá motivação para começar do zero. É através dos irmãos da igreja que muitas conseguem seu primeiro emprego, ou vão estudar para buscar uma condição melhor. Com o apoio da comunidade, essas mulheres conseguem se superar. Até mesmo a figura do pai que falta às crianças muitas vezes pode ser suprida, de alguma forma, pelos irmãos – é muito comum que outros pais da igreja se empenhem em amparar os coleguinhas de seus filhos. Eu acho que para a mulher solitária que foi largada neste mundo, ou que sofreu a fatalidade de perder seu marido, o melhor lugar é a Igreja de Jesus.

Carlos Fernandes
é Editor e Redator da revista Eclésia

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